Com Blog Pleno Poder

A eleição para presidente da República de 1989, por si só, já foi histórica. Isso porque foi a primeira votação para o cargo de chefe do Executivo nacional por meio de voto direto após mais de 30 anos de regime militar.

No entanto, ela se tornou ainda mais marcante pelos nomes que a disputaram. Além de Fernando Collor e Lula, que levaram a votação para o segundo turno, outros grandes personagens da política nacional também participaram do pleito, a exemplo de Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Mário Covas e Paulo Maluf.

Entre os postulantes estava um rosto novo na política, mas muito conhecido do povo brasileiro: Silvio Santos, o ‘Homem do Baú’, que, às vésperas daquela eleição, decidiu participar da disputa tendo como vice o então senador paraibano Marcondes Gadelha.

Deputado federal por seis mandatos e senador por outros dois, Marcondes foi uma espécie de ‘articulador’ de Silvio. O então parlamentar foi responsável por viabilizar a candidatura do comunicador pelo extinto Partido Municipalista Brasileiro (PMB), após a negativa de sua legenda, o Partido da Frente Liberal (PFL), em “acolher” o dono do SBT.

Marcondes Gadelha falou sobre como se deu a aproximação com Silvio Santos, uma relação de amizade que começou justamente naquela eleição.

“Nos aproximamos em 1989, quando ele, entre vários nomes sugeridos, escolheu o meu como companheiro de chapa na campanha presidencial daquele ano. Eu aceitei e me empolguei não apenas pela honraria, mas por ver nele o melhor, se não o único nome para enfrentar a terrível crise que assolava o país naquela época. Para você ter uma ideia, a inflação era de quase 100% ao mês”, disse.

“Resistência duríssima”

Mesmo entrando na disputa às vésperas do pleito, assumindo a vaga do pastor Armando Corrêa, Silvio Santos chegou a alcançar 30% das intenções de voto em pesquisas realizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A crescente popularidade de Silvio na política, na visão de Marcondes, teria ferido os interesses dos adversários, gerando, nas palavras do ex-senador, uma “resistência duríssima” contra a candidatura do apresentador.

“Enfrentamos uma resistência duríssima e obstinada para o registro da candidatura que, afinal, não aconteceu. Houve uma engenhosa e implacável conspiração para impedir a qualquer custo a candidatura de Silvio antes do primeiro turno pela razão muito simples: nas urnas ele seria imbatível”, afirma.

Os argumentos utilizados na ação judicial contra a candidatura de Silvio Santos alegavam que ele não havia cumprido a exigência eleitoral, que à época obrigava os candidatos a realizarem pelo menos 9 convenções regionais antes de terem seus nomes homologados.

Outro argumento utilizado foi o de que o apresentador não tinha se afastado do comando do SBT, emissora da qual era dono, dentro do prazo legal estipulado pela Lei Eleitoral vigente. Acabavam ali as aspirações do Rei da TV em chegar à presidência da República.

Maior comunicador da história da televisão nacional, Silvio Santos morreu nesse sábado (17), aos 93 anos, vítima de broncopneumonia após infecção por influenza.

Texto: Pedro Pereira / Jornal da Paraíba

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