Um levantamento Panorama Político 2023, realizado pelo Instituto de Pesquisa DataSenado e divulgado nesta semana, trouxe dados interessante, onde destaca que apesar de as urnas terem consagrado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o novo presidente do Brasil, o eleitorado de direita está mais consolidado do que nunca. A politização também se intensificou após o último pleito, o que denota que a política entrou de vez para os assuntos discutidos pela população. Segundo o coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, o fenômeno deverá ser observado nas próximas pesquisas, uma vez que o último levantamento foi realizado logo após o pleito.

O levantamento da DataSenado foi feito entre 8 e 26 de novembro de 2022, logo após o resultado nas urnas, e ouviu, por telefone, 2.007 cidadãos de 16 anos de idade ou mais, em amostra representativa da população. De acordo com Marcos, em 2021, 55% dos brasileiros não se consideravam nem de esquerda, nem de direita ou de centro. Em 2022, esse índice caiu para 38%, já que mais brasileiros se posicionaram como sendo de esquerda (17%) ou de direita (31%). “A proximidade com as eleições e o momento que nós estávamos vivendo fortaleceu muito essa tomada de posição. Antes, as pessoas evitavam tomar um posicionamento, mas estão mais convictas, se sentindo mais à vontade pra viver o posicionamento político. A identificação com as campanhas fez com que elas se posicionassem. Em relação a essas questões de moral e dos costumes, as pessoas acabaram se posicionando mais claramente nessa edição da pesquisa”, disse Oliveira.

O coordenador ressalta que o grande divisor de águas para o resultado da eleição ter pendido para a esquerda foram os eleitores que se diziam de centro ou que não se posicionaram. “O que fez a diferença foram os 38% que não se identificam nem com um nem com outro. E mais os 9% que se identificam com o centro. Então são 47% de eleitores que não se posicionam sequer à direita, tampouco à esquerda. A busca pelo voto ficou nesse percentual que não se posiciona”, frisa.

Ainda conforme os dados, trazidos pela pesquisa, o aumento da crença na democracia como a melhor opção de forma de governo. “A democracia saiu fortalecida dessas eleições. A gente pode afirmar de fato que esse apoio se revelou maior nos últimos anos”, diz Oliveira. O coordenador destaca ainda um ponto de curiosidade: tanto eleitores da esquerda quanto da direita defendem o Estado Democrático de Direito. “Nós, da equipe do DataSenado, escutamos também uma parte das entrevistas no processo que a gente chama de auditoria. Nela, a gente observa que tanto as pessoas que se identificam com a direita quanto aquelas que se identificam com a esquerda defendem a democracia. Esse foi um fenômeno muito interessante e qualitativo, está na fala das pessoas. Ambos defendem a democracia, mas cada um entende o seu lado como o lado mais democrático. Cada um entende que o outro lado não é tão democrático quanto o próprio.”

Apesar disso, a confiança nas urnas teve uma queda, quando comparada com a série histórica. Na pesquisa realizada em 2022, 58% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que “o resultado das urnas eletrônicas em eleições é confiável”. Houve queda de oito pontos percentuais nesse nível de concordância, e aumento no nível de discordância.

Oliveira acredita que, além dos ataques às urnas feitos por políticos de direita, outro fator que contribui para o aumento da desconfiança é o fato de o resultado não ser o esperado por quem votou no seu candidato. “Quando a gente pega o resultado por identificação com a linha política, por exemplo, 93% dos que se identificam com a esquerda confiam nas urnas e apenas 21% dos que se identificam de direita confiam. É importante fazer esse recorte”, enfatiza o pesquisador. “O brasileiro em geral acredita que os resultados são confiáveis, validam esse resultado. A exceção, nessa eleição, foram as pessoas que se identificam com a direita.”

PB Agora com dados da Data Senado

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