A Polícia Federal cumpre oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados à Braiscompany, na manhã desta quinta-feira (16), dentro da operação Halving. A empresa paraibana especializada na gestão de ativos digitais e tecnologia blockchain é suspeita de dar um calote de R$ 600 milhões em investidores. As ações da PF acontecem na sede da empresa e em um condomínio fechado, em Campina Grande, além de filiais da empresa em João Pessoa e em São Paulo. O caso ganhou repercussão nacional no início do mês em virtude do atraso nos repasses dos dividendos para os investidores. 

Além da Polícia Federal, que apura a atuação do grupo na área criminal, uma investigação corre também na área cível, movida pelo Ministério Público da Paraíba. A apuração é conduzida pelo promotor de Justiça de Campina Grande e diretor-regional do MP-Procon, Sócrates da Costa Agra. Em nota recente, ele informou que as investigações “avançaram muito nos últimos dias, com informações que elucidam a atividade da empresa Braiscompany e que reforçam a necessidade de judicialização”. O foco principal é o prejuízo causado na operação com criptomoedas. 

No centro da polêmica estão os empresários Antonio Neto Ais e Fabrícia Ais, sócios da Braiscompany. O esquema funcionava como com os clientes convertendo seu dinheiro em ativos virtuais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela “locação” dessas criptomoedas. As promessas de lucro eram irreais. Elas giravam em torno de 8% ao mês, marca irreal se comprada às obtidas no mercado financeiro legal. 

Além da taxa de retorno financeiro muito acima do regularmente praticado no mercado, boa parte da atração exercida pela Braiscompany está ligada à imagem de seu fundador, Antônio Inácio da Silva Neto. Ele adotou suas três primeiras iniciais como sobrenome e se apresenta como Antônio Neto Ais. Durante a manhã, os policiais saíram das sedes da empresa com malotes repletos de documentos, mas nenhum detalhe foi divulgado. 

Segundo a PF, nos últimos quatro anos, foram movimentados cerca de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas, em contas vinculadas aos suspeitos, sócios da Braiscompany. No total, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão. O nome da operação, Halving, é em alusão ao aumento da dificuldade de mineração do bitcoin, que ocorre a cada quatro anos, período semelhante a ascensão e derrocada do esquema investigado.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.