China derruba o embargo e volta a comprar carne brasileira
O Ministério da Agricultura informou nessa quarta-feira (15) ter recebido a informação de que a China derrubou o embargo à carne bovina brasileira. Em nota governo brasileiro disse que recebeu com satisfação a notícia de que a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) finalizou a avaliação dos dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) atípica ocorridos no Brasil em setembro deste ano e autorizou, a partir de hoje, a retomada das exportações brasileiras de carne bovina.
Ainda de acordo com a pasta, a decisão das autoridades chinesas confirma a excelência dos controles sanitários oficiais brasileiros.
O presidente do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/Sindicatos, Antônio de Salvo, comentou a liberação: “É uma ótima notícia. O setor se tranquiliza novamente e pode voltar a ter uma vida normal. Os preços já estavam em recuperação, mas com a entrada da safra do boi gordo de pasto, entre o final de dezembro e o começo de janeiro, os produtores estavam inseguros quanto aos patamares de preço para a arroba. Com a reabertura do mercado Chinês, que corresponde a praticamente metade de nossas exportações, o produtor volta a ter tranquilidade para continuar produzindo e melhorando geneticamente seu gado, com garantia mais consistente de bons preços já neste início de nova safra.”
O analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, diz que o embargo demorou muito mais que o esperado: “Com esse cenário, precisamos avaliar para entender como a China vai se comportar no mercado nas próximas semanas. Primeiro quando a China comprará carne bovina brasileira. A China aumentou a produtividade média da sua suinocultura, aumentou a sua produção de carnes e a suinocultura local entrou em crise, porque os custos estavam muito altos. Novembro foi o mês em que a China menos importou carne, foram 677.000 toneladas de carnes importadas para um país que está acostumado a importar mais de 1 milhão de toneladas, uma queda significativa.”
Embargo chinês
A China suspendeu a compra de carne bovina do Brasil no dia 4 de setembro desde a identificação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – conhecida como o “mal da vaca louca” – em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG). De acordo com entidades ligadas ao setor de carne bovina no país, o prejuízo pode chegar a US$ 1,8 bilhão.
A China é o principal destino das carnes exportadas pelo Brasil. Em 2020, foram US$ 4,04 bilhões de carne bovina para o país, 48% do total de nossas vendas globais. Mesmo com a suspensão desde setembro, as exportações brasileiras de carne bovina para China já totalizaram, em 2021, U$ 3,87 bilhões, 46% das vendas globais do alimento.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as exportações de carne bovina tiveram uma queda em novembro de 41,5% em valor e de 49,2% em quantidade se comparado ao mesmo período de 2020. A China é responsável por 48% dos embarques desta proteína animal.
“Mal da vaca louca”
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que o Brasil nunca registrou a ocorrência de casos de EEB clássica.
A EEB atípica ocorre de maneira espontânea e esporádica e não está relacionada à ingestão de alimentos contaminados. Todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. Portanto, não há risco para a saúde humana e animal.
Os dois casos de EEB atípica – um em cada estabelecimento – foram detectados durante a inspeção ante-mortem. Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito nos currais.
Após a confirmação, em 3 de setembro, em Alberta, o Brasil notificou oficialmente à OIE, conforme preveem as normas internacionais. No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, ficaram suspensas temporariamente as exportações de carne bovina.
Maior rebanho bovino
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Mato Grosso tem o maior rebanho de bovinos no Brasil, com 32,7 milhões de cabeças e alta de 2,3% ante 2019.
Em 2021, as vendas externas de carnes no mês foram de US$ 2,21 bilhões, com expansão de 62,3% em relação a setembro de 2020. As exportações de carne bovina tiveram a maior contribuição nas vendas externas do setor, subindo de US$ 668,20 milhões em setembro de 2020 para US$ 1,19 bilhão em setembro de 2021 (+77,7%).
PB Agora