Bombeiros ainda lutam contra fogo na Cinemateca após 15 horas de incêndio
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Cerca de 15 horas depois do começo do incêndio no depósito da Cinemateca, na Vila Leopoldina, dois caminhões dos bombeiros e uma equipe ainda trabalham nesta sexta (30) para extinguir totalmente o fogo.
Um pouco de fumaça sai ocasionalmente pelo teto e profissionais do corpo de bombeiros estão com mangueiras dentro do local. A previsão é que esse trabalho seja finalizado no começo da tarde.
Em seguida, agentes da Polícia Federal farão a perícia criminal do prédio, que foi interditado pela Defesa Civil na noite de quinta (29) devido à extensão do incêndio –25% da estrutura foi afetada e o teto desabou.
“Vimos danos causados tanto pelo fogo, quanto pela água. No combate ao fogo, a água acaba danificando materiais. Visualmente eu constatei muitos rolos de filmes preservados, mas também vimos prateleiras retorcidas”, afirmou Robson Bertolotto, diretor da Defesa Civil da Lapa.
O órgão estima que as labaredas alcançaram uma altura de cerca de seis metros. Um inquérito que será conduzido pela Delegacia da Polícia Federal determinará, agora, as causas exatas do incêndio.
Há uma mancha preta de queimado no segundo andar do prédio, distante da porta de entrada, e uma janela quebrada no primeiro andar, que dá para um banheiro, mas não cheiro de fumaça.
O fogo que gerou a mancha de queimado retorceu uma estrutura metálica e afetou também a decoração da fachada, atingindo uma faixa que imita a película de um filme, de tal forma que a faixa está retorcida.
Segurando cartazes com dizeres como “um povo sem memória, a quem interessa?” e “não foi acidente, é projeto”, pintados em preto e vermelho, um grupo de cerca de dez pessoas da Juventude do PT faz um ato simbólico em frente ao prédio. Tita Couto, uma das participantes, culpa o governo federal pelo incêndio.
O prédio em questão não é a sede principal da Cinemateca, que fica na Vila Clementino, na zona sul da capital paulista. Mas o depósito atingido pelas chamas também abriga parte importante de seu acervo, como filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam em outro local.
Além deles, também ficam guardados ali o acervo da Programadora Brasil – iniciativa do antigo Ministério da Cultura para exibição de conteúdo em circuitos não comerciais–, equipamentos museológicos, como projetores antigos, e documentos, incluindo quatro toneladas de arquivos sobre políticas públicas para o audiovisual, recentemente transferidas do Rio de Janeiro.
Os arquivos ainda incluem parte da documentação da Embrafilme e a totalidade daquele referente ao Instituto Nacional do Cinema e ao Conselho Nacional do Cinema.