A técnica de enfermagem Gabriela Carla da Silva, 24 anos, um dos raros casos de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), relata que acreditou estar imune após o primeiro diagnóstico da doença.

Quando voltou a apresentar sintomas, 50 dias após a primeira infecção, Gabriela disse jamais imaginar que poderia ser novamente Covid-19.

“Eu estava com bastante dor de garganta, o nariz bem congestionado, bastante coriza, muita dor de cabeça, até mais do que a primeira vez e aí falei: ‘mas não pode ser Covid, porque eu já tive Covid’. Continuei trabalhando porque eu já tinha tido, não pensava que poderia ser”, diz.

A reincidência é considerada rara pelos médicos e está sendo investigada pela USP de Ribeirão Preto (SP). O caso da jovem será levado à comunidade científica internacional. Segundo os pesquisadores, há registro de apenas outro caso semelhante ao de Gabriela, em Boston, nos Estados Unidos.

Primeira infecção
A técnica de enfermagem entrou em contato com um colega de trabalho infectado em 4 de maio. Dois dias depois, sentiu mal-estar, febre, nariz congestionado e dores de cabeça e garganta.

“Eu trabalho em uma unidade de saúde, então já estava tendo contato, mas tive contato confirmado com esse colega de trabalho em uma segunda-feira. Na quarta-feira eu comecei com os sintomas”, conta.

No quarto dia após o surgimento dos sintomas, passou pelo exame RT-PCR, que identifica o Sars-Cov-2 no organismo por meio de materiais coletados no nariz e na garganta e o primeiro resultado deu negativo, Como os sintomas persistiram, a paciente repetiu o exame cinco dias depois, quando testou positivo e foi afastada por duas semanas.

“O que mais me marcou nesse primeiro quadro foi a dor de cabeça e um pouco da dor de garganta, mas principalmente a dor de cabeça que se manteve por uns dez dias”, lembra.

Segunda infecção
Gabriela diz que se recuperou completamente e voltou ao trabalho, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Ribeirão Verde, acreditando ter imunidade.

No entanto, voltou a apresentar sintomas 38 dias depois e, em um primeiro momento, acreditou ser uma gripe normal. Orientada a repetir o teste, se surpreendeu com o diagnóstico.

“Conversei com a equipe do trabalho e falaram que, mesmo assim, era importante coletar o teste. Foi quando coletei novamente e fui afastada até sair o resultado e veio positivo novamente”.

De acordo com ela, o novo período de afastamento foi mais difícil que o primeiro, com perda do olfato, do paladar, sensação de febre, e uma dor de cabeça mais forte. “Eu me senti mal nos 14 dias de afastamento.”

A jovem está recuperada pela segunda vez e voltou a trabalhar, utilizando todos os equipamentos de segurança. “Pretendo entender o que realmente aconteceu e realmente ajudar na pesquisa”, completou.

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