Moraes escolheu alvos e pediu investigações contra aliados de Bolsonaro sem respeitar rito oficial, diz jornal
Segundo ‘Folha de S. Paulo’, mensagens de assessores de Moraes mostram que setor do TSE era usado como ‘braço investigativo’ de Moraes. Gabinete diz que procedimentos foram oficiais e regulares.
Reportagem publicada nesta quarta-feira (14) pelo jornal “Folha de S. Paulo” afirma que o gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “escolhia” pessoas a serem investigadas pelo órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – na época, também sob comando do ministro.
O jornal publicou mensagens atribuídas a três pessoas que trabalhavam com Moraes naquele período:
- Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF;
- Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes na então presidência do TSE;
- Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, vinculada à presidência do TSE.
Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, vinculada à presidência do TSE.
As mensagens, segundo o jornal, mostram que o setor de combate à desinformação do TSE foi “usado como braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo”. Revelam, também segundo o jornal, um “fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais [TSE e STF]”.
Em nota divulgada na noite de terça (13) (leia a íntegra abaixo), o gabinete de Alexandre de Moraes afirma que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República.”
O jornal teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes entre agosto de 2022, já durante a campanha eleitoral, e maio de 2023.
A “Folha” afirma que obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.
A reportagem faz referência a dois inquéritos do STF: o das fake news, instaurado em 2019, e o das milícias digitais, aberto em julho de 2021 a partir de investigações anteriores.
G1