Paraíba já registrou mais de 1,8 mil casos de sífilis até setembro de 2023
As políticas públicas implantadas pelo Governo da Paraíba visando à prevenção da transmissão vertical da sífilis (infecção durante a gestação) têm se mostrado eficazes. No entanto, observa-se um aumento nos casos do público em geral, seguindo a tendência nacional, principalmente por ser uma doença sexualmente transmissível. O Outubro Verde é o mês de conscientização e combate à sífilis e este terceiro sábado do mês (21) é a data escolhida para lembrar às pessoas da importância da prevenção.
Em 2023 – até o final de setembro – já são 1.834 casos confirmados da doença na Paraíba. Os dados do 4º Boletim Epidemiológico de Sífilis, divulgados pelo Núcleo IST/Aids, da Gerência Executiva de Vigilância em Saúde da Paraíba mostram que foram notificados 1.110 casos de sífilis adquirida, 616 casos em gestantes e 208 de sífilis congênita.
De acordo com chefe do Núcleo IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Joanna Ramalho, a avaliação epidemiológica mostra uma tendência de redução de casos de sífilis congênita no Estado. “Isso quer dizer que as políticas públicas voltadas para a prevenção da transmissão vertical estão sendo eficazes no nosso Estado. Estamos trabalhando no fortalecimento da atenção básica, do pré-natal, oferta de teste rápido nas unidades de saúde… garantindo tratamento e diagnóstico adequados”, explicou.
A chefe do Núcleo IST/Aids disse ainda que no público em geral há um aumento significativo dos casos. “Essa é uma tendência nacional, pois é uma doença sexualmente transmissível. Muitas vezes não há sintomas. Outra coisa que acontece é que, quando a doença é descoberta, só a mulher faz o tratamento e seu parceiro não, então a cadeia de transmissão continua acontecendo”.
Segundo a médica infectologista do Complexo de Doenças Infectocontagiosas Dr Clementino Fraga, Júlia Chaves, o aumento dos casos de sífilis acontece porque as pessoas estão esquecendo que ela é uma doença sexualmente transmissível e não se previnem. “A principal forma de prevenção é o uso de preservativos em todas as relações sexuais”, disse.
A especialista explicou ainda que existe também a profilaxia pós-exposição. “Se por um acaso você se expôs sem preservativo, pode tomar uma medicação até 90 dias após o ocorrido. Se depois de 90 dias positivar, faz o tratamento, se não positivar, toma a medicação para evitar desenvolver a sífilis”.
Todo o tratamento para sífilis é gratuito, oferecido pelo SUS. “A pessoa deve procurar um PSF para adquirir a medicação, que muitas vezes é aplicada nas UPAs. No entanto, se por qualquer razão o usuário não puder procurar o PSF, pode nos procurar no Clementino Fraga. A sífilis é uma infecção altamente transmissível e que pode causar complicações graves, caso não seja realizado o tratamento”, assegurou a médica.
A sífilis adquirida pode ser transmitida de uma pessoa para a outra durante o sexo sem preservativo ou por transfusão de sangue. Já a transmissão da sífilis congênita acontece da mãe infectada para a criança durante a gestação ou no momento do parto.
Na gestação, a sífilis pode apresentar consequências severas, como abortamento, prematuridade, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ ou morte do recém-nascido. Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.
Apenas no Complexo Clementino Fraga foram 596 casos de pessoas que positivaram nos últimos cinco anos, sendo que quase 90% dos casos foram detectados em homens.
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