Acusada de calote de R$ 600 milhões, Braiscompany tira sistema do ar
Acusado de dar um calote de R$ 600 milhões em cerca de 10 mil investidores, o dono da Braiscompany, Antônio Inácio da Silva Neto, retirou do ar o sistema de pagamento e saiu do circuito. Segundo matéria publicada em O Globo, advogados especializados em crimes financeiros preparam uma enxurrada de ações judiciais de ressarcimento contra o trader. Eles suspeitam que Antônio Neto aplicava o golpe de pirâmide financeira disfarçada de investimentos em criptomoedas.
Situada em Campina Grande, a empresa tinha clientes em todo o país. O esquema da Braiscompany consiste em alugar bitcoins dos clientes, que ficam custodiados em carteira gerida pela empresa, em troca de rendimentos mensais de 8% a 10%. Quando os atrasos começaram, no dia 20 de dezembro, Neto alegou que a Binance, a maior corretora de bitcoins do mundo, havia suspendido as operações da BraisCompany por problemas com outra empresa brasileira. Prometeu restabelecer os pagamentos em 72 horas, mas os atrasos se ampliaram até a suspensão em definitivo dos créditos.
O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) anunciou a instauração de procedimento para apurar o calote. Caberá ao promotor de Justiça Sócrates da Costa Agra, diretor-regional do MP-Procon em Campina Grande, decidir nos próximos dias se ingressa na Justiça com uma ação civil pública contra Neto, pedindo reparação do dano coletivo. O promotor, após tentar sem sucesso levar a empresa a uma audiência de conciliação, está convencido de que a BraisCompany prestou “defesa evasiva”.
Em 2020, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito na delegacia de Campina Grande, a cargo do delegado Carlos André Gastão de Araújo, para avaliar a regularidade e viabilidade econômica do funcionamento da empresa. Ao O Globo, o Ministério Público Federal (MPF), que atua no caso, informou que por ora não iria se pronunciar sobre o caso.
Em nota divulgada em janeiro, a financeira alegou bloqueio em suas operações. “Por motivos que ainda não sabemos explicar, a Binance começou a travar nossas operações de saques, limitando nossa capacidade de pagamento praticamente a 10% do que necessitaríamos a cada 10 dias”, diz o texto que acrescenta: “Esta situação ainda persiste, muito embora já tenhamos conseguido aumentar os limites de saques para pagamentos”.
O texto informou que a empresa fala em socorro de reservas para cumprir com as obrigações e que “está fazendo uso de todos mecanismos legais e de reserva para honrar os compromissos contratualmente agendados”. “Finalizamos tranquilizando nossos clientes que todos serão impreterivelmente pagos, honrando assim, com nosso compromisso pelo qual vimos fielmente cumprindo em todos os anos de atividades da Braiscompany”, conclui o texto.
MaisPB