O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante encontro com o CEO da ExxonMobil, Darren Woods, em Dallas, no Texas (EUA).

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira (18) a PEC da Transição e a forma como vem sendo conduzida a passagem de gestão por parte da equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar, construir um negócio legal. O desafio é grande, mas a oportunidade é maior”, afirmou ele durante a comemoração dos 30 anos da Secretaria de Política Econômica.

“Se fizer menos barulho e trabalhar um pouquinho mais com a cabeça, e menos com a mentira, talvez possa ser um bom governo. Só depende de não mentir. E de outras coisas também”, disse.

Recentemente, figuras importantes do mercado reclamaram de declarações de Lula dizendo que o combate às desigualdades sociais deveriam ter prioridade frente o equilíbrio fiscal.

Por exemplo, durante a COP27, a conferência do clima das Nações Unidas, o presidente eleito defendeu furar o teto de gastos como uma “responsabilidade social”, para conseguir financiar programas sociais.

“Se eu falar isso vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência”, disse Lula, completando que a flutuação dos índices não acontece “por causa das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que ficam especulando todo santo dia”.

Em resposta, os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan assinaram uma carta criticando a postura de Lula.

No evento desta sexta, Guedes estava com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sacshida, ex-secretário de política econômica, outros diretores e, na plateia, servidores.

O ministro da Economia também criticou a PEC da Transição. “Você vê a confusão que é um estouro, fazer uma PEC fora do teto, sem fonte de financiamento”. Segundo ele, a proposta vai acabar servindo para financiar obras.

Ele ainda defendeu o aumento de mais R$ 200, totalizando um auxílio de R$ 600, mas desde que com discriminação da fonte dos recursos.

“Nós disparamos o maior programa social que já houve com responsabilidade fiscal. que historinha é essa de conflito social com fiscal? Isso é ignorância, isso demonstra incapacidade técnica de resolver [o problema]”, completou.

Segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), feito a pedido da BBC News Brasil, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhões de 2019 a 2022.

Esse valor representa a soma de autorizações que a atual gestão obteve no Congresso para gastar acima do limite constitucional e outras manobras que driblaram o teto, como o adiamento do pagamento de precatórios (dívidas do governo reconhecidas judicialmente) e a mudança do cálculo para definir o teto em 2022.

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