Um esquema de desvio de cerca de 800 mil itens do programa de combate à Covid-19 foi desvendado em Pernambuco. Nesta quinta (17), foram cumpridos 11 mandados de busca de apreensão e um de afastamento de servidor público. Segundo a polícia, são investigados crimes que envolveram ao menos R$ 500 mil em produtos hospitalares descartáveis.

A Operação foi batizada de Escamotagem, que vem do verbo escamotear. Isso significa furtar com habilidade.

As equipes da polícia pernambucana cumpriram os mandados no Recife e em Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, além de Campina Grande (PB).

Todos os mandados foram expedidos pela Vara Única de Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária do Recife.

Após o encerramento da ação, os delegados concederam uma entrevista coletiva, na sede da Polícia Civil, no Centro da capital pernambucana, e detalharam como era atuação da organização criminosa.

Na entrevista, a delegada Viviane Santa Cruz disse que, em 2021, a polícia foi procurada pela Secretaria Estadual de Saúde para tratar de possíveis desvios de dinheiro usado para comprar produtos durante a pandemia.

Segundo a policial, a princípio, a denúncia envolvia a aquisição de luvas descartáveis. Depois, a apuração foi ampliada e atingiu também operações para a compra de seringas e toucas.

Entre as nove pessoas investigadas, de acordo com Viviane Santa Cruz, estão servidores da SES-PE, comissionados e integrantes do quadro efetivo, bem como pessoas sem relação com o serviço público.

“Nós investigamos as operações realizadas entre 2020 e setembro de 2021, quando servidores da secretaria foram afastados dos cargos. Acreditamos que o valor dos prejuízos pode ser bem maior, chegando a R$ 2 milhões”, afirmou.

Os nomes dos envolvidos e qual a participação de cada um deles no esquema não foram divulgados pela polícia.

Caso fique comprovado o envolvimento no esquema, os servidores serão indiciados por peculato, que é um crime cometido por funcionário público para obter vantagem em função do cargo exercido.

Esses trabalhadores afastados também podem responder por lavagem de dinheiro e organização criminosa, crimes também atribuídos aos integrantes do grupo que não trabalhavam no governo.

Na entrevista, a delegada disse que um dos investigados tinha conexão com uma pessoa e levava materiais para casa dela. “Eram recursos que estavam em falta por causa da pandemia e tinham alto custo na época”, acrescentou.

O delegado Tarcísio Florentino informou que os desvios dos produtos descartáveis aconteciam desde a solicitação até a o processo de entrega a hospitais e centos de testagem de Covid.

“Alguns servidores atuavam na área de logística. Havia pedidos de materiais em quantidade superior necessário a parte era desviada’, disse.

A polícia, agora, vai analisar tudo o que foi apreendido para poder convocar os investigados para os depoimentos.

Os materiais foram encaminhados para a sede do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), na Zona Oeste do Recife.

Os policiais contaram com apoio da Secretaria Estadual de Saúde. A apuração dos crimes foi assessorada pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil e pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro.

Ao todo, foram escalados 40 policiais civis, entre delegados, escrivães e agentes, para o cumprimento das ordens judiciais.

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