Em três décadas, as mudanças na cobertura do solo na área da Caatinga acendem o alerta para o risco de desertificação da região da Paraíba. Entre 1985 e 2020, 3% de toda a vegetação nativa da caatinga foi perdida, cerca de 300 mil hectares. Desse montante, – a maior parte deles – 280 mil hectares foram perdidos em áreas suscetíveis à desertificação (ASD), envolvendo 45 municípios paraibanos. Os dados são do recente levantamento MapBiomas, a partir de análises de imagens de satélites feitas das últimas três décadas e quem fala a respeito é Filipe Marini, doutor em Produção Vegetal, agrônomo, agroecólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde destaca a importância do solo para a vida.

A Caatinga também registrou uma queda de 8,27% na superfície de água e redução de 40% da água natural – que é referente a cursos de água, sendo que a maior parte está retida em hidrelétricas e reservatórios, 42,69% e 29,61%, respectivamente. Em 2017, foi registrada a menor extensão de água, 629.483 hectares, em comparação com a média da superfície de água existente na Caatinga entre 1985 e 2020, de 922 mil hectares. Houve ainda perda de 10% de áreas naturais. “É um ambiente onde seres vivos interagem, se preservam e dão condições para a vida de outros, como as plantas. Temos que lembrar que o solo é um recurso não renovável e que um centímetro leva, aproximadamente, cem anos para ser formado”, comentou Filipe.

Ainda segundo o pesquisador o solo está em constante exposição ao clima, às interações com o ambiente ao redor, com as vegetações, e também com a vida humana. Esse contato possibilita transformações e formações no solo, bem como influencia na deterioração desse material. “A partir do uso e ocupação mais intensa das terras, principalmente a partir da remoção da vegetação para diferentes usos, a gente começa a ter uma maior intensidade de processo erosivos no solo, que é um dos tipos de danos que o solo sofre. Outros problemas relacionados ao solo estão diretamente conectados ao uso indevido dele e do meio ambiente de forma geral. A contaminação por diferentes tipos de materiais químicos, a compactação de solo onde é muito comum quando a gente tem um sobrepastoreio. Tem o processo de lixiviação também, que é a perda de nutrientes dos solos. A degradação, principalmente, é um fator antrópico e esse fator acelera mais a desertificação. Ela vai acontecer de um jeito ou de outro, principalmente devido ao relevo e à localização geográfica do estado no planeta. A desertificação é o fenômeno que corresponde ao empobrecimento e diminuição da umidade e da biodiversidade em solos. Esse processo provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos”, afirmou Filipe Marini.

A vegetação natural da caatinga é dividida em três categorias. A primeira é a formação florestal, caatinga fechada e arbórea, a segunda é a savana e a terceira é a campestre, campos naturais, com eventuais presença de arbustos.

PB Agora

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