Bolsonaro diz que ‘não está garantido reajuste para ninguém’
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — Depois de pedir ao Congresso R$ 1,7 bilhão para conceder aumento salarial a policiais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (8) que “não está garantido reajuste para ninguém”.
A mudança de tom do presidente publicamente ocorre diante do aumento da pressão de outras categorias do funcionalismo por reajuste. Há uma ameaça de greve para o próximo dia 18.
“Primeiramente, não está garantido reajuste para ninguém. Tem uma reserva de R$ 2 bilhões que você pode usar, poderia ser usado para PF, PRF, e também para o pessoal do sistema prisional, mas não está nada garantido no tocante a isso aí”, afirmou.
A declaração do presidente a jornalistas foi em frente à casa de Bruno Bianco (AGU), onde Bolsonaro participa da festa de aniversário do ministro.
Como a Folha mostrou, o reajuste a policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários foi pedido do próprio Bolsonaro à equipe econômica.
Quando o relator do orçamento de 2022, Hugo Leal (PSD-RJ), tirou a previsão desses recursos do seu texto, no final de dezembro, recebeu ligação do próprio presidente em favor dos policiais.
É bastante incomum que Bolsonaro se envolva desta forma na articulação de pautas no Congresso. Os policiais fazem parte da base eleitoral do mandatário.
Ao final, foi reservada verba para o reajuste, mas não consta no texto previsão de que seja exclusivamente para as carreiras policiais.
“Alguns pegaram isso aqui [R$ 1,7 bilhão] e falaram ‘também quero’. E foi feita essa onda toda… Os servidores estão sem reajuste há três anos, tiveram a reforma da Previdência. Reconheço que perderam bastante o poder aquisitivo”, afirmou.
Ainda que o chefe do Executivo sinalize mudança de tom e que diga não haver espaço no Orçamento, ministérios já trabalham na proposta de reajuste para as carreiras policiais.
Como a Folha mostrou, o governo estudava, já em dezembro, igualar o salário de delegado da PF, em último nível de carreira, ao de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) – no teto do funcionalismo.
Bolsonaro foi aconselhado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), a não conceder reajuste para nenhuma categoria neste ano, como forma de conter o movimento grevista que surge.
Sindicatos de servidores estão se mobilizando para conseguir abocanhar ao menos parte dessa verba ou conseguir mais espaço no Orçamento destinado a corrigir salários de funcionários públicos.
Nos cálculos do governo, cada aumento de 1% linear a todos os servidores gera impacto de R$ 3 bilhões para a União.
Representantes da elite do funcionalismo dizem que a maioria dos servidores públicos federais está com o salário defasado em 27,2%, pois não há reajuste desde 2017.