BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira (20) que o prazo de 5 janeiro para decidir sobre vacinação em crianças de 5 a 11 anos está mantido e que “a pressa é inimiga da perfeição”.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concedeu autorização para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos com Pfizer no último dia 16, mas a pasta anunciou no sábado que vai adotar procedimento mais longo para autorizar a imunização desse público.

“A pressa é inimiga da perfeição. Principal é a segurança”, disse Queiroga, ao ser questionado se não seria possível antecipar o processo para as últimas semanas deste ano.

“No ano de 2021, considerando o pico, onde teve 4.000 óbitos, crianças de 5 a 11 anos [foram] menos de 150 óbitos. Não que eu esteja menosprezando, cada vida é importante”, prosseguiu.

O ministro falou com jornalistas da CNN e da GloboNews em frente ao ministério nesta segunda-feira.

“Os pais terão a resposta no momento certo. Sem açodamento. É necessário fazer análise técnica. Não vou me manifestar com base apenas num documento público de três páginas, ok?”, afirmou, referindo-se ao parecer da Anvisa.

A prioridade do ministério continua sendo a aplicação de segundas doses e de doses de reforço, segundo Queiroga. Ele disse que o país tem a previsão de entrega de 700 milhões de doses até dezembro do ano que vem. Mas, se for autorizada aplicação de imunizantes para crianças, o processo não é imediato, disse.

O ministro não respondeu em quanto tempo poderia começar a vacinação dessa faixa etária.

Há uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito desse tema, em que o relator Ricardo Lewandowski determinou que o governo enviasse um plano de imunização para a corte.

O ministro disse ainda não ter tido acesso ao parecer da Ctai (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19) sobre a imunização de crianças.

Entretanto, a Ctai emitiu nota pública no sábado (18) em que informa ser favorável à aplicação da Pfizer nesse público e cita o ômicron como fator de risco.

“A chegada de uma nova variante como a ômicron, com maior transmissibilidade, faz das crianças (ainda não vacinadas) um grupo com maior risco de infecção, conforme vem sendo observado em outros países onde houve transmissão comunitária desta variante. Neste contexto epidemiológico, torna-se oportuno e urgente ampliarmos o benefício da vacinação a este grupo etário”, diz.

O texto diz ainda que, desde o início da pandemia, foram contabilizadas 301 mortes de crianças de 5 a 11 anos no país.

Segundo o documento, ao qual a reportagem teve acesso, o grupo defende a incorporação à campanha nacional de vacinação com base em reunião realizada no dia 17, sexta-feira.

A decisão ocorreu de forma unânime. Fazem parte da Ctai membros da Sociedade Brasileira de Pediatria, da Fiocruz, da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), entre outros.

A resolução prevê que crianças recebam duas doses de 10 microgramas num intervalo de 21 dias. Com isso, a bula do produto no Brasil passará a indicar essa nova faixa etária.

Ainda que a Anvisa tenha concedido o aval, caberá ao ministério decidir sobre a compra. Queiroga tem dito que realizará uma consulta pública, e que o tema é “sensível”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem adotado posturas negacionistas na pandemia e diz não ter se vacinado, disse ter pedido ao ministro que os pais tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar seus filhos.

O chefe do Executivo defendeu também a exigência de receita médica.

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