Até o início de setembro o país pode ter pelo menos quatro novos medicamentos contra Covid-19 disponíveis. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve analisar até o próximo mês as drogas Sotrovimabe, Citrato de tofacitinibe (cujo nome comercial é Xeljanz), Baricitinibe e a Dexametasona.

Atualmente, o Brasil tem outros quatro medicamentos aprovados para tratamento de covid-19. O mais recente foi o Regkirona (regdanvimabe), aprovado pela Anvisa na semana passada.

No caso do Sotrovimabe e do Citrato de tofacitinibe, os pedidos foram por uma autorização emergencial de uso, uma vez que os estudos ainda estão em andamento. Essa autorização é temporária. Já o Baricitinibe e a Dexametasona terão o pedido de pós-registro analisado pela agência que, caso seja aprovado, incluirá na bula desses medicamentos de forma permanente a indicação para Covid-19. Os quatro medicamentos são para uso em ambiente hospitalar.

Ambos os procedimentos têm prazo de análise de 30 dias para que a Anvisa observe a relação benefício versus risco do medicamento. Esse período pode ser interrompido quando a agência solicita informações complementares à farmacêutica responsável.

— Há uma expectativa de que nesse semestre tenhamos mais resultados dos estudos de medicamentos que aprovamos, e aí poderemos pensar num cenário no qual teremos mais opções de tratamento — afirmou ao GLOBO o gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes.

A equipe que faz a análise desses medicamentos é composta por dez pessoas com formações diversas, como farmacêuticos, médicos, biólogos e estatísticos. O grupo é diferente daquele que analisa dados sobre as vacinas contra Covid-19. Ambos, no entanto, estão sob comando da Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) da Anvisa.

— A gente já aprovou mais de 100 estudos de medicamentos, já vimos vários sendo concluídos e que deram resultados que não mostram vantagem do medicamento, cerca de 20% do total. Mas quando o estudo não se mostra favorável, a empresa nem submete o pedido, apenas comunica— disse Mendes.

Entre os estudos que seguem em andamento estão a nitazoxanida e a proxalutamida. Os dois medicamentos foram reiteradamente defendidos pelo governo. Após a comprovação da ineficácia da cloroquina no tratamento de Covid-19, alas ideológicas do governo passaram a propagandear a proxalutamida. Em uma live com o presidente Jair Bolsonaro, em abril, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, classificou o medicamento como “promissor”.

Sotrovimabe
O Sotrovimabe é um anticorpo sintético que “imita” os anticorpos produzidos pelo corpo para combater o coronavírus e que impede o vírus de se replicar. O medicamento seria utilizado em casos moderados da doença.

Os estudos para avaliar a eficácia do medicamento foram realizados em vários países do mundo com 1062 participantes, dos quais 22 são brasileiros.

Citrato de tofacitinibe (Xeljanz)
O citrato de tofacitinibe é um anti-inflamatório, atualmente utilizado para tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriática e colite ulcerosa. A proposta é que o medicamento seja utilizado para reduzir o tempo de internação de pacientes com quadro moderado com risco de progredir para caso grave.

— O processo da Covid-19 é um processo inflamatório assim como a artrite. A inflamação é uma resposta exagerada do corpo, que começa atacar as próprias celulas. Os anti-inflamatórios reduzem essa resposta imune — explicou Mendes.

Baricitinibe
Assim com o medicamento anterior, o Baricitinibe também é uma droga anti-inflamatória utilizada para tratamento de artrite. De acordo com dados de um estudo realizado com pacientes graves de Covid-19, o Baricitinibe reduziu em 38% a mortalidade entre os infectados.

A pesquisa foi conduzida em 12 centros clínicos de todo o país e testou o medicamento em 1.525 voluntários.

Dexametasona
A Dexametasona é um corticoide que já é amplamente utilizado no país. No contexto da Covid-19, o medicamento em sido adotado em alguns hospitais para ajudar a reduzir a inflamação causada no pulmão pelo coronavírus. A proposta é que seja utilizado em casos graves da doença.

De acordo com um estudo publicado em junho, o medicamento pode reduzir em um terço as mortes de pacientes que estão sob ventilação mecânica. No caso de pacientes que estão utilizando apenas oxigênio, a redução observada foi de 20%.

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